O Mundo Segundo Herr Willie: Ilha de Marajó

Brasil é um país incrível para viajar. Tem tanta coisa para explorar, cada lugar muito diferente do outro. Com certeza vai precisar de vários passeios só para conhecer essa pérola da América do Sul. Eu terminei a minha turnê da copa ano passado em Marajó, a ilha dos bois — ela talvez seja um eterno ponto alto para mim.

Para chegar à Marajó, é muito provável, que você terá que chegar em Belém antes, a metrópoles do Nordeste. De lá saem algumas balsas para várias direções na região do Amazonas. Mas você vai ter que prestar bastante atenção nos horários, porque nem todas as balsas vão para todos os lugares, todos os dias, e se você perder a última balsa, você ficará preso lá por algum tempo.

A viagem de balsa até Marajó demora umas três horas e é bem interessante. É uma viagem encantadora onde você pode conhecer gente nova e ver o sol se pôr no rio Amazonas. A terra de Marajó mede 40,000 quilômetros quadrados. É quase do mesmo tamanho da Suíça e a ilha maior do Brasil. Mas só 250,000 pessoas moram lá, o que dá bastante espaço para fauna e flora.

Marajó tem poucos lugares onde você pode ficar. Nós ficamos na encantadora Pousada Ventania em Joanes, uma cidadezinha localizada diretamente na praia. Eu tive um troque curto de e-mails com Edinea, a dona do lugar. E foi isso mesmo: só uma curta confirmação, nada mais.

Assim que chegar, você vai ver ônibus e taxis indo para vários lugares da ilha. Como estava muito escuro a noite, pareceu um pouco assustador. Nós fomos os últimos caras a subir no ônibus, mas o motorista foi exatamente pro lugar onde queríamos ir.

A pensão estava localizada no topo de morro, uns 20 segundos da praia. As taxas lá, foram umas das mais baixas da nossa viagem inteira. Todos os quartos tinham uma rede na varanda, um alojamento bem bonitinho no Brasil. É um lugar tão charmoso com um restaurante, tipo cabana de praia bem no pé do morro. Nos tornamos clientes habituais do buffet de um milhão de estrelas e nos tornamos profissionais em pedir camarão com um pouco de limão.

A coisa incrível sobre essa ilha, é que a margem dela engolfa com água amazônica. É fresca e morna, mas também têm agua do oceano atlântico. E como eu sou conhecido como um glorioso nadador, isso é perfeito pra mim. A água fresca e a salgada não se misturam e se você for dar uma olhada em fotos satélites de Marajó, você vai ver como as águas de cores diferentes são separadas uma da outra, como uma gota de óleo em uma tigela de geleia.

Marajó é considerada a maior ilha de rio do mundo.

Mas, é claro, que é o povo da ilha, que faz de Marajó um lugar tão glorioso. Eu nunca tirei tantas fotos de um povo desconhecido, como eu tirei nessa mesma praia. Eu só andei pra cima e pra baixo e sempre vi gente muito interessante. Eu perguntei, se poderia tirar uma foto e todos queriam que eu tirasse uma foto deles. Era um povo tão incrivelmente gentil e interessante, sempre levantando o dedão e me deixando fazer aquilo, que eu mais quero: tirar fotos.

Eu estava pegando fogo, mas talvez era porque só faltavam poucos dias para minha partida do Brasil. Não tem nada a perder, mas tanta coisa pra ganhar.

Marajó é conhecida pela sua população de búfalos, e isso vem com uma lenda bem estranha: em 1920, um navio da Ásia foi destruído por volta de Marajó. Uma pequena manada de búfalos conseguiu se salvar e eles nadaram para a praia. Eles sobreviveram e começaram uma população, o número agora é maior do que três milhões!

Búfalos também são usados para puxar carroças, por isso você os encontra várias vezes nas ruas ou na praia. Mas eles também são usados pela polícia e na produção de carne e couro. Marajó é conhecida pelo todo Brasil pelo seu queijo e muçarela.

No dia da minha partida, eu fui alarmado, porque teve tiros de armas e um monte de gente na praia. Descobriram que estava tendo uma corrida na praia e centenas de espectadores foram assistir. Nós descemos para nos juntar à multidão. Crianças e meninas estavam andando de boi; a atmosfera era ótima.

Eu estava superexcitado e procurei um dos donos dos búfalos para tirar uma foto dele no momento certo e na hora certa. Eu fiquei muito feliz com os resultados. Elas capturaram a intensidade do momento.

Só uns dias antes, o time de futebol alemão pôs as mãos deles no troféu da Copa Mundial. É algo enorme, especialmente depois da derrota da seleção Brasileira na semifinal. De um modo, teve esse ar de fama que permaneceu ao nosso redor, que nós também somos vencedores. Durante os jogos, eu sempre estava com um chapéu de pesca tricolor, que eu achava que trazia sorte. Mas falando sério: tecnicamente foi esse chapéu que fez com que a Mannschaft* virasse campeão mundial Depois da nossa chegada em Marajó, as novidades de turistas alemães se espalharam. Especialmente os salva-vidas tiverem um grande interesse em nós.

Um salva-vidas chamado Willian realmente queria o meu chapéu de pesca, por isso eu ofereci trocar com o boné de Baywatch dele. Ele topou, mas me pediu para não usar o boné nas praias brasileiras. Não fez problema nenhum pra mim. Eu achei que o meu chapéu já tinha dado o que tinha de dar – ele deveria ficar no Brasil. No dia seguinte, a linda esposa do Willian estava usando o chapéu tricolor com tanto orgulho, eu tenho certeza que essa atitude vai levar a seleção para o próximo título.

Quando eu estava pesquisando para essa viagem, eu li que existe um serviço de aerotaxi à Belém e de volta. Eu me encantei imediatamente com essa ideia. Não é todo dia, que você pega uma carona com um avião!

Uma das primeiras coisas que eu fiz quando eu cheguei, foi organizar isso. Porém, nós tivemos problemas com dinheiro. Se eu me lembrar direito, queriam 1,500 reais para o voo (eu acho que é mais barato normalmente). Nós estávamos quase sem dinheiro e ainda tínhamos que pagar a nossa estadia na pousada.

Então, no dia seguinte, nós alugamos motos para ir até Salvaterra, outra ilhazinha perto de Marajó porque lá tinha como sacar dinheiro. Mas até lá, nós não conseguimos sacar dinheiro suficiente porque era final de semana e as máquinas estavam quase sem dinheiro. Aí Edinae propôs que eu pague a metade dos nossos gastos quando eu chegarmos em casa. Ela permitiu essa aventura aérea! Muito amor para ela!

O nosso piloto, comandante Ronaldo, enfiou todas nossas malas dentro de um avião leve, com assentos para quatro pessoas, até alemães altos. Eu tive o privilégio de poder sentar do lado do piloto. O começo foi bem duro, obviamente aviões pequenos fazem movimentos mais bruscos. Você sente o efeito do vento bem mais, mas também te deixa se sentir mais perto das nuvens; parece que você poder pegar nelas.

Nós demos uma volta rápida para o aeroporto e a multidão em baixo estava gritando e acenando – pelo menos é o que eu imaginei. Eu acho que para eles, é especial quando alguém usa o aerotaxi, que é mais luxuoso do que a viagem de balsa. De qualquer jeito, do nada começou a chover, e as gotas caíram na janela da cabine como balas. Foi divertido. Ronaldo voou por volta dos prédios de Belém e pousou com segurança no pequeno aeroporto.

E é esse o resumo. Eu só fiquei em Marajó por três ou quatro dias, mas eu achei tanta coisa que captura exatamente o que eu amo em viagens: tropeçar em incertezas, improvisação, e conhecer um monte de gente bacana. O espírito da ilha é incrível eu não nem comecei a falar do tempo maravilhoso. Durante esse passeio, eu não tinha muita expectativa para Marajó, mas superou as expectativas. Eu tenho certeza, que voltarei à Ilha de Marajó.