Experimentos e Extremos: Uma Entrevista com Eleanor Hardwick

Eleanor Hardwick é uma artista multidisciplinar de Oxford que, apesar da sua jovem idade, tem mais experiência fotográfica do que vários. Ela já usa a câmera dela como ferramenta para experimentos a mais de 10 anos. Nessa entrevista, ela nos conta sobre as suas perguntas que a movem e os temas que inspiram a sua arte, seja música, ilustrações, literatura ou fotografia.

Lily e Ooh Chi Kooch Jewellery, 2014

Você primeiramente pegou em uma câmera a uns 10 anos atrás. Como você acha que a sua abordagem e o seu estilo mudaram com o passar dos anos?

Eu sou mais em intencional e tenho mais controle, porque a diferença entre o meu desejo e o meu gosto e habilidade técnica tem diminuído. Eu sinto que eu experimento e me desafio mais agora, e eu estou cada vez mais interessada em misturar política e história da arte no DNA do meu trabalho.

(1) Robbie in Gower Peninsula, Wales, 2015 (personal project) (2) Robbie in Gower Peninsula, Wales, 2015 – published on Purple Fashion Magazine

Como uma artista multidisciplinar, existe uma ideia geral que você está tentando expressar com cada meio? Como todos eles conectam?

Eu definitivamente acho que a linha que entre todo o meu trabalho, não importa que meio – som, fotografia, ilustração, vídeo, escrita – é o conceito. Eu muitas vezes retorno para a ideia de paralelas e forças polares porque eu acho que encontrar balança é algo constantemente relevante para mim emocionalmente e para o mundo politicamente. Nossa tecnologia está avançando e está se tornando tão enraizado na forma como vivemos nossas vidas, mas nosso ambiente está se deteriorando. Como podemos manter esse equilíbrio, sem sacrificar demais? Como é que vamos chegar a um equilíbrio de género? Como posso tentar manter todo mundo que eu amo feliz, sem negligenciar minhas próprias necessidades? Como posso lutar entre o meu lado negro e meu lado mais leve? Utopias contra distopias, realidades contra fantasias. . . e como é que vamos chegar do ponto A ao ponto B sem nos perder no caminho? As extremidades destes temas combinam com a maneira que eu vivo minha vida, porque os meus amigos, muitas vezes fazem graça do meu comportamento “tudo ou nada”. Eu posso ficar em casa o tempo todo e quando eu sair, eu não volto por dias ou semanas. Eu esqueço de comer alguma coisa o dia inteiro e depois devoro tudo. Eu vou de períodos extremos de produtividade maníaca para pausas de nada. Se eu estou fazendo algo, eu tenho que seguir o caminho completo, até eu tiver o suficiente disso e depois eu mudo. Pessoas argumentam que é como ter nenhuma identidade, mas eu diria que a transformação em si é minha identidade. Bowie já provou que funciona, melhor do que eu poderia!

Tavi Gevinson for Polyester Magazine, 2016

Você tem um meio preferido ou um em qual você gostaria de se concentrar mais?

Fotografia e música são os meus meios favoritos. Eles são quase opostos polares em relação à o que eles podem expressar, que é o porquê eu não consigo escolher entre os dois. Partes diferentes de mim vão para cada. E então eu acho que fazer videoclipes é uma maneira maravilhosa de juntar os dois e fortalecer suas narrativas.

Você tem uma grande produção criativa e nunca parece ficar sem ideias. Você tem medo de chegar a esse ponto? De onde você tira a sua inspiração infinita?

Eu não fabrico ideias por conta da necessidade de alguma coisa para aplicar a minha arte, mas eu tenho ideias e assim subsequentemente I fabrico arte. Como seres humanos, todos os nossos cérebros estão conectados a contemplar, pensar e expressar as coisas. A arte tem sido sempre a melhor maneira de comunicar essas ideias, então eu não posso ver por que iria parar, não ser se eu quisesse. Mas eu considero qualquer tipo de transformar uma ideia de um conceito em uma arte de ação; e eu não acho que um produto é sempre a prova de produtividade. Então, eu não acho que é algo que pode acabar.

(1) Chrissie, Salvation Mountain, California, USA, 2015 – published on Rookie Magazine (2) Irene, Seattle, USA (personal diary photo)

Você acha que sendo um artista autodidata ajudou ou prejudicou sua carreira de alguma forma?

Para mim funciona, mas todo mundo é diferente. Eu me sinto mais focado quando eu me forço para aprender as coisas, porque isso é apenas como a minha atenção é. Eu também acho que permite que as pessoas sejam mais experimentais e concretas com a sua própria voz em sua arte, mesmo que algum nível de fazer algo tecnicamente correto é potencialmente sacrificado. Mas com tutoriais no YouTube e mídia social todo mundo pode ser autossuficiente com habilidades técnicas hoje em dia, porque é muito fácil encontrar a resposta para qualquer coisa. Mas para mim, a arte não pode realmente ser ensinada, então eu acho especificações técnicas são muitas vezes necessários apenas quando há outras pessoas, clientes ou públicos envolvidos. Se você criar para si mesmo, você realmente não precisa saber como fazer as coisas “certo”.
Nas suas fotos, você muitas vezes é o seu próprio sujeito. Qual é o motivo por trás disso?

Muitas vezes, parece mais certo, se as minhas ideias mais pessoais sejam atuadas por mim. De alguma forma, projetando algumas dessas ideias para outra pessoa, seria como se estivessem vestindo a minha própria autobiografia ou algo assim. Eu também gosto do imediatismo, me permite experimentar mais, porque não eu não tenho que esperar para que todos possam estar disponíveis.

Blood & Pollen, 2014 (self portrait for personal project)

Como um nativo digital, você cresceu com a Internet e tem usado a tecnologia de forma eficaz como um artista. Ainda assim, você escolhe fotografar analógico. Por quê? O que a fotografia analógica oferece que a não tem?

Eu fotografo com ambos, analógico e digital, e me incomoda como pessoas podem ser tão puristas sobre o uso de um ou o outro. Para mim, eles são meios diferentes e eu uso o que for mais adequado ao contexto do que eu estou fotografando. Eu amo filmes por sua capacidade de distorcer o cotidiano em algo muito mais romântico. Filme faz você muito consciente de que você está olhando para um momento através de uma lente cor de rosa; por isso é perfeito para pegar um momento da realidade e representá-lo como um outro mundo mágico.

(1) Petite Meller photographed for Eleanor’s “Shapeshifting” zine, and published in Wonderland Magazine, 2014 (2) Lucan Gillespie photographed for “Fairground” book by Nao Koyabu, 2013

Tem algo sobre a fotografia analógica que você gostaria que você soubesse quando você começou?

Eu queria ter experimentado com ela mais antes! Tem muito trabalho que eu fiz no passado que teria sido mais apropriado para filme. Mas nunca é tarde demais para experimentar!


Eleanor Hardwick acaba de co-publicar um livro de arte com sua irmã Rachel e fotógrafa Chrissie White, “Celestial Bodies”. Leia mais sobre o projeto colaborativo no feature da Lomography ou compre o livro aqui.

Clique aqui para ler a primeira entrevista da Lomography com Eleanor de 2012.

written by Teresa Sutter on 2016-03-21 #people #lifestyle

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