Minha Infância Analógica

De repente descobri que minha vida inteira cabe num longo processo de transição.

Ter nascido em 1989 me permitiu ter acesso ao melhor dos dois mundos. Minha infância foi saudável, com muita correria e árvores escaladas. Minha mãe me ensinou a ler desde pequena, com aqueles livros pop-up. Sem falar que meus jogos preferidos eram os de tabuleiro, como twistter. Para não dizer que não joguei videogame, aos quatro anos eu ganhei um Super Nintendo, mas nunca troquei “a vida lá fora” por ele.

Quando eu era criança, nós não tínhamos telefone fixo em casa. Era mais fácil ter um celular do tamanho de um tijolo do que ter um telefone fixo. Meu pai, um engenheiro, desenhava seus projetos numa grande folha de papel, que ficava sobre uma mesa especial. Nós até tínhamos um computador em casa, mas passávamos por um momento de transição.

A transição começou durante a minha infância, bem devagarinho… E não parou mais. Está cada vez mais acelerada, e hoje algumas pessoas trocam seus aparelhos celulares todo ano. Aliás, hoje os celulares também são computadores, filmadoras, câmeras fotográficas…

E todo mundo, qualquer pessoa pode tirar uma foto e mostrá-la no minuto seguinte a toda a sua rede de contatos. Quando uma visita chega em casa, nada mais de abrir um álbum de fotos no colo na pessoa… Nós abrimos a tela do laptop.

Não estou dizendo que isto é ruim. Também não estou dizendo que é bom. Mas que isso tudo causa uma coisa estranha no peito… Uma saudade de sei lá o quê, uma dúvida, alguma incerteza… É inegável. E talvez seja por isso que a lomografia me é tão atraente.

written by monamarques on 2012-12-17 #lifestyle #analogica #analogico #tecnologia #infancia #infancia-analogica #transicao #revolucao-tecnologica

More Interesting Articles